As complexidades estruturais e relacionais que compõem a conjuntura atual exigem estudos que fomentem a compreensão e o enfrentamento dos impactos das desigualdades históricas e estruturais enfrentadas pela população negra (incluindo-se a indígena e quilombola) na saúde.
Diversos são os determinantes que afetam a saúde dessa população, mas principalmente o racismo estrutural e a discriminação têm causado grande sofrimento físico e psíquico — explícito ou não —, resultando em doenças, estresse, traumas e, muitas vezes, transtornos psicológicos.
Além disso, o impacto das novas mídias e tecnologias tem gerado formas inéditas de ansiedade e pressão social, com reflexos como a judicialização de conflitos e o aumento de crises emocionais. Emergências climáticas, desemprego e desvalorização no mercado de trabalho também contribuem para a instabilidade emocional, agravadas pela falta de reconhecimento profissional e de condições adequadas de trabalho.
Outro aspecto crucial diz respeito à dificuldade de acesso a tratamentos de saúde por parte de grupos periféricos pretos e pardos, devido à combinação de discriminação racial, baixa renda, falta de apoio social, discriminação de gênero e ausência de políticas focalizadas. Essas barreiras resultam em racismo institucional no setor de saúde, tanto no SUS quanto na rede privada. A falta de capacitação de profissionais da saúde e a ausência de ações afirmativas, como cotas raciais nos cursos e instituições de saúde, também são entraves significativos.
Tais estudos e pesquisas podem ampliar e aprofundar o debate sobre as causas e consequências que afetam a saúde da população negra, subsidiando políticas públicas nas três esferas de governo. Com isso, torna-se possível não apenas promover o bem-estar dessa população, mas também combater de forma efetiva as desigualdades raciais presentes em todos os âmbitos da sociedade.
Objetivos do Núcleo
O núcleo de pesquisa em Saúde da População Negra tem como objetivos:
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Investigar as desigualdades raciais no acesso aos serviços de saúde e no tratamento de doenças.
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Identificar os determinantes sociais que afetam negativamente a saúde da população negra, como condições socioeconômicas e discriminação racial.
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Analisar a prevalência de doenças específicas nessa população, como hipertensão e diabetes.
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Propor projetos de pesquisa, parcerias e políticas públicas de saúde mais inclusivas.
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Sensibilizar profissionais de saúde para as questões raciais e promover o bem-estar e a equidade no cuidado à saúde da população negra.
Linhas de Pesquisa
Determinantes Sociais da Saúde e Desigualdades Raciais
• Efeitos da pobreza, educação e condições de vida sobre a saúde da população negra
• Impactos do racismo estrutural e institucional nas condições de saúde
• Desigualdade no acesso a serviços de saúde e resultados de saúde para grupos racializados
Racismo e Saúde Mental
• O impacto do racismo na saúde mental da população negra
• Transtornos psicológicos mais prevalentes entre negros (ex.: depressão, ansiedade, estresse pós-traumático)
• Estratégias de cuidado psicológico que considerem as especificidades culturais e raciais
Estratégias de Acesso à Saúde e Políticas Públicas
• Políticas de saúde pública focadas na redução de desigualdades raciais no sistema de saúde
• Ações afirmativas no treinamento de profissionais de saúde para atender às necessidades da população negra
• Análise da eficácia de políticas de saúde pública voltadas para populações marginalizadas, como as cotas para acesso a cursos de saúde